Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva

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Dissertações e Teses|Professores NESC


Guilherme Souza Cavalcanti De Albuquerque – Educação E Prática Médica Capitalista: Limites E Possibilidades (Dissertação de Mestrado, 2002)


Guilherme Souza Cavalcanti De Albuquerque – As Determinações Do Capital Sobre A Formação Do Trabalhador Em Saúde: Um Estudo Sobre Reformulações Curriculares Em Dois Cursos De Medicina Do Paraná (Tese de Doutorado, 2009)

Utilizando o Materialismo Histórico Dialético, o autor realiza uma análise sobre as reformas curriculares efetuadas na década de 90 em cursos de medicina de duas escolas do Paraná. A análise é baseada no ideário da reforma, sintetizado nas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina, que preconiza a formação de um médico generalista, humanista, crítico e reflexivo, adequado às necessidades do Sistema Único de Saúde e à solução dos problemas mais comuns da comunidade. Analisa-se a coerência interna das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina e a adequação das reformas instituídas ao seu ideário. Os dados foram obtidos a partir de entrevistas com dirigentes, docentes e discentes que vivenciaram as reformas e de uma pesquisa documental incluindo relatórios de estudos, grades curriculares, planos de aula, ementas. Constata-se uma adesão parcial das reformas realizadas ao preconizado nas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina, com graus de avanço diferentes de uma escola para outra; uma inadequação na orientação pedagógica preconizada e adotada de forma intensa por uma das escolas; a retirada de fundamentação teórica na formação dos médicos de ambas as escolas, sendo, em uma delas, predominantemente nos conteúdos da base científica e, na outra, nos conteúdos profissionalizantes. A partir destas constatações defende-se que os cursos devem rever seu direcionamento no sentido de garantir a transmissão dos fundamentos científicos sobre os quais se assenta a prática médica, com o intuito de formar profissionais que, com maior autonomia intelectual, possam decidir os melhores rumos para a prática médica a serviço da vida humana em sua plenitude.


Liliana Müller Larocca – O Agir Comunicativo Na Sala De Vacinas – Saberes E Fazeres Necessários À Prática De Enfermagem (Dissertação de Mestrado, 2000)

Esse estudo apresenta a comunicação entre atores sociais vacinadores e vacinandos em uma Sala de Vacinas. Esse cenário é visualizado resgatando os aspectos comunicacionais que ali se estabelecem e a memória coletiva dos atores sociais que ali atuam. O assunto vacinação é abordado por um prisma qualitativo, numa tentativa de contraposição ao enfoque estratégico prevalente nos programas e campanhas que envolvem o ato vacinal, resgatando um contraponto à mecanização e tecnicização. Essa abordagem prevê uma análise ética, despertando os atores sociais para que encarem a vacinação como ação cidadã e não como ação obrigatória. Assim, resgata-se a história da vacinação com ênfase na doença varíola e na vacinação antivariólica: sua descoberta, sua utilização mundial, as primeiras campanhas vacinais, a obrigatoriedade, as revoltas (especificamente no Brasil, o episódio da Revolta da Vacina) e a sua erradicação. Tem como fundamentação teórica as idéias e contribuições de Jürgen Habermas e Paulo Freire. A metodologia foi concebida como um “caminhar” pelo Mundo da Vida, por meio da pesquisa-ação. A análise dos dados compõe um caminho interpretativo onde o cenário Sala de Vacinas é concebido como pano de fundo para o Mundo da Vida. Os resultados propõem o início de um caminhar, pois, ao elencarem os saberes e fazeres necessários à prática de Enfermagem realizada na Sala de Vacinas, apontam para a construção de uma proposta de Metodologia de Assistência, a ser utilizada na Sala de Vacinas, onde se desenvolva um processo circular entre vacinadores e vacinandos, seres concretos, capazes de transformação social.


Lillian Daisy Gonçalves Wolff – A Compreensão Da Experiência Em Ser Cuidadora De Enfermagem Em Uma Unidade De Terapia Intensiva (Dissertação de Mestrado, 1996)

Pesquisa-cuidado que desvela o significado da experiência de ser cuidadora de enfermagem através da percepção das enfermeiras, técnicas e auxiliares de enfermagem de uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI Pediátrica). A pesquisa é fenomenológica e tem como questão norteadora o que é ser cuidadora de enfermagem. O cuidado transpessoal que ocorreu no encontro individual entre a cuidadora-pesquisadora e cada um dos sujeitos facilitou-lhes o seu discurso espontâneo sobre o significado que a sua consciência atribuiu ao seu vivido. Descrevo as etapas da trajetória metodológica que permitiram a identificação de unidades de significado e categorias emergentes desses discursos. Essas categorias tratam dos seguintes aspectos da experiência de ser cuidadora: a reflexão como um processo de auto-ajuda; o apreço pelo cuidar; o pensamento dos leigos sobre o trabalho das cuidadoras na UTI Pediátrica; o limite do cuidado; o estresse no cuidado; o cuidar de si; a condição de ser mulher e cuidadora; a valorização do fazer da cuidadora de enfermagem; e a desvalorização desta profissional. As categorias que denotam a ambivalência na experiência das cuidadoras referem-se a: cuidar dos outros e descuidar-se; cuidar da própria família ou trabalhar; razão e emoção; saber formal e saber que advém da prática da enfermagem; e a fé e as fontes de realização na experiência das cuidadoras. As categorias que dizem respeito à relação de cuidado referem-se: ao alcance das intenções das pessoas sadias e doentes; ao ouvir o outro como uma forma de cuidado; ao vínculo com as crianças hospitalizadas; e ao convívio e à comunicação com os pais das crianças. Outras categorias emergidas dos discursos dos sujeitos descortinam a consciência ética na comunicação com os pais dos pacientes e quanto à responsabilidade ao cuidar do outro, na experiências das cuidadoras sobre a morte e o morrer; e o cuidado aos pais diante da morte de seus filhos. O sentimento de impotência na experiência das cuidadoras está descrito em cinco categorias: em relação ao sofrimento das pessoas; às solicitações das pessoas; à necessidade de motivação para o trabalho; à solução dos problemas humanos pela ciência; e à previsão dos fenômenos da vida humana. A síntese do significado da experiência das cuidadoras revelou vários horizontes do cuidado de enfermagem, levando-me a destacar que a Enfermagem atua lado a lado com outras profissões da área da saúde, contudo possui sua própria identidade, e como tal o seu próprio processo de cuidar fundamentado em princípios morais, éticos e científicos relacionados ao cuidado.


Lillian Daisy Gonçalves Wolff – Um Modelo Para Avaliar O Impacto Do Modelo Operacional Na Produtividade De Hospitais Brasileiros (Tese de Doutorado, 2005)

Nesta pesquisa explicativa, de abordagem hipotético-dedutiva, o desempenho produtivo de hospitais foi estudado sob o critério da eficiência técnica. A produção hospitalar foi representada pelas atividades características e essenciais de qualquer hospital: os serviços de assistência à saúde relacionados ao diagnóstico e ao tratamento de pacientes internados. O hospital foi visto como um sistema orgânico, cujo ambiente operacional é integrado por atores e fatores que não estão sob o controle da Direção do hospital, mas que afetam diretamente o fluxo de recursos e os serviços assistenciais hospitalares, como ocorre, por exemplo, com os demais integrantes do sistema de assistência à saúde, as agências governamentais reguladoras e fiscalizadoras do setor de saúde, as agências financiadoras da assistência à saúde, as empresas fornecedoras de recursos hospitalares e os grupos locais de interesse nas atividades do hospital. A pesquisa fundamentou-se na hipótese de que o ambiente operacional tem impacto na produtividade hospitalar. Esse ambiente influencia as condições de eficiência técnica determinantes da capacidade do hospital gerar serviços de assistência à saúde com os recursos disponíveis. Com o propósito de demonstrar a tese de que a influência do ambiente operacional nas condições de eficiência técnica de hospitais pode ser avaliada mediante fronteiras de eficiência construídas com o uso de Análise Envoltória de Dados, foi construído um Modelo de Avaliação de Hospitais Brasileiros (MAHB), cuja variante empírica, criada a partir de dados disponibilizados ao público pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi específica para hospitais integrantes desse sistema. O modelo desenvolvido foi validado com dados provenientes de hospitais do Estado de Santa Catarina. Os resultados evidenciaram ser possível avaliar a intensidade e a direção da influência de fatores do ambiente interno e do ambiente operacional na produtividade e eficiência de hospitais. No caso específico dos hospitais da rede de Santa Catarina, no ano de 2002, verificou-se não haver diferenças na produtividade entre hospitais filantrópicos e privados contratados, e que os resultados indicam que as condições gerais de saúde da população, as condições de saneamento básico do município onde o hospital se localiza e a cobertura de serviços de atenção básica à saúde são fatores ambientais que afetam a produtividade e eficiência desses hospitais. O modelo proposto é inovador e relevante do ponto de vista teórico e metodológico, uma vez que permite isolar o componente gerencial da ineficiência técnica e o componente ambiental da ineficiência técnica de hospitais. Os resultados de sua aplicação permitem (I) aos gestores dos sistemas de saúde avaliar se a ineficiência técnica identificada em cada hospital é de origem gerencial e/ou ambiental; (II) à Direção de cada hospital específico conhecer o desempenho do seu hospital relativamente aos desempenhos dos demais do sistema de assistência à saúde, bem como tomar providências para aumentar a produtividade do seu hospital e, assim, torná-lo eficiente face às características do ambiente operacional; e, (III) à sociedade avaliar, com maior precisão, a efetividade de cada hospital no atendimento de suas necessidades de assistência à saúde.


Maria Marta Nolasco Chaves – Concepções De Usuários Do Serviço Local De Saúde De Uma Comunidade Agroindustrial Sobre O Processo Saúde-Doença (Dissertação de Mestrado, 2000)

Este estudo qualitativo, exploratório, teve como objeto de estudo “as concepções sobre o processo saúde–doença de usuários do serviço de saúde de uma comunidade agroindustrial”, do Município de Cascavel – PR, tendo sido realizado por meio do método do estudo de caso. Objetivou caracterizar as concepções dos usuários e relacioná-las ao referencial teórico, com a finalidade de contribuir para uma prática sanitária comprometida com a realidade onde se insere. A Unidade-caso estudada foi a Comunidade de Rio do Salto, tendo sido realizadas 16 entrevistas com usuários do serviço de saúde – atores sociais desta pesquisa. Duas categorias empíricas emergiram dos discursos, sendo elas a representação dos usuários sobre doença e as representações dos usuários sobre saúde. Em ambas as concepções, limitaram-se ao imediato individual, havendo correlação muito limitada com determinantes macro-estruturais. A saúde e a doença apareceram como opostos de uma mesma realidade vivida, onde a doença é mais vivenciada, pois a busca pela saúde passa primeiro pela superação da luta pela sobrevivência. A saúde foi concebida como algo que se adquire ao consumir os serviços de saúde, apesar de surgir inicialmente como imprescindível à vida. A doença foi concebida como associada à dor e ao sofrimento, o que os impede de trabalhar e acarreta-lhes despesas financeiras. Acreditamos que a condição da não consciência da determinação do processo saúde-doença, pelos sujeitos, deu-se pelo fato de que a realidade vivida é a ausência de saúde. Esta foi percebida como ausência de recursos para atender as necessidades básicas. Assim, a luta pelo atendimento destas os mantém no nível de compreensão onde o imediato do cotidiano é o que determina a realidade vivida. Os adoecimentos foram correlacionados ao ar contaminado, à falta de higiene corporal e ambiental, à alimentação inadequada, a fatores genéticos, ao não consumo de serviços de saúde e ao estilo de vida. A religiosidade é potencializada da pré-condição ao adoecimento. As concepções de saúde-doença foram vinculadas a pólos opostos, estados contrários em uma mesma realidade, sem, contudo haver a percepção de que esses pólos opostos constituem elementos de um mesmo eixo, só que distantes entre si. Focalizaram os espaços em que os pólos existem, como são percebidos, mas nunca o espaço que os une ou a visão do eixo como um todo. A conscientização torna-se a possibilidade de transcender a realidade vivida pelos sujeitos, de compreensão da causalidade, bem como de um processo de mudança dos profissionais para uma prática sanitária compromissada com a intervenção resoluta. Este estudo alcançou os objetivos propostos e convalidou os pressupostos que o nortearam, ou seja, que o desenvolvimento de ações e atividades de saúde, sem o conhecimento e a compreensão, pelos profissionais, dos interesses e concepções dos usuários sobre os problemas de saúde, o processo saúde-doença e os encaminhamentos dados em busca pela resolutividade, pode gerar uma prática sanitária caracterizada pela não aderência, bem como a consciência ingênua da realidade, o que favorece modelos reprodutores de dominação, de exclusão de classes e da não resolutividade por meio da assistência prestada.


Maria Marta Nolasco Chaves – Competência avaliativa do enfermeiro para o reconhecimento e enfrentamento das necessidades em saúde das famílias (Tese de Doutorado, 2010)

Estudo exploratório, descritivo com abordagem qualitativa sobre a competência avaliativa do enfermeiro para reconhecer e enfrentar as necessidades em saúde das famílias. Ancorado na Teoria da Intervenção Práxica da Enfermagem em Saúde Coletiva (TIPESC). Objetivou identificar qual a competência avaliativa do enfermeiro para o reconhecimento e o enfrentamento das necessidades em saúde das famílias em um determinado território; listar as ações do enfermeiro na atenção básica para reconhecimento e enfrentamento das necessidades em saúde; evidenciar as temáticas das situações em que são reconhecidas e enfrentadas necessidades em saúde das famílias descritas pelo enfermeiro; descrever o conjunto de ferramentas que o enfermeiro mobiliza nas situações de reconhecimento e enfrentamento de necessidades em saúde segundo as contradições dialéticas nos discursos empíricos e analíticos para o reconhecimento e enfrentamento das necessidades em saúde das famílias de um determinado território; identificar, segundo as temáticas evidenciadas, os saberes avaliativos do enfermeiro da atenção básica para o reconhecimento e enfrentamento das necessidades em saúde das famílias. O local do estudo foi o Distrito Sanitário Boa Vista em Curitiba-PR. Os dados foram coletados em fontes primárias e secundárias. Os sujeitos da pesquisa foram vinte e cinco enfermeiras que trabalhavam nas Unidades de Saúde que aceitaram participar da entrevista. Nos resultados sobre a caracterização de Curitiba se verificam processos de determinação das necessidades em saúde nas condições de vida da população; as propostas de intervenção em saúde aprovadas nas Conferências estiveram baseadas na concepção do risco à saúde com enfoque para intervenções curativistas para reverter os índices epidemiológicos relacionados aos agravos identificados em estudos; os protocolos e programas vigentes estão fundamentados na epidemiologia do risco e orientam intervenções para a prevenção dos adoecimentos por meio de mudanças no estilo de vida e do autocuidado, sendo a recuperação dos doentes relacionada à adesão ao tratamento com a corresponsabilidade dos profissionais nos processos; as compreensões das enfermeiras sobre as necessidades em saúde reconhecidas, enfrentadas e os recursos utilizados para intervir foi convergente com as normatizações vigentes na SMS e com as propostas de intervenções aprovadas nas Conferências Municipais de Saúde. A discussão dos resultados permitiu a identificação dos saberes avaliativos do enfermeiro da atenção básica necessários para reconhecer e intervir segundo as necessidades em saúde das famílias de um determinado território. As considerações finais indicam que a enfermeira reconhece processos determinantes das necessidades em saúde e do processo saúde-doença nas diferentes dimensões da realidade, singular, particular e estrutural, porém ao intervir não os relaciona e direciona suas ações para a dimensão singular. Os recursos que as enfermeiras mobilizaram para as intervenções foram coerentes com a concepção biológica e individual do processo saúde-doença e os programas foram reconhecidos como potencializadores para o acesso aos insumos e materiais necessários. Esta concepção foi convergente com a implantação do Sistema Único de Saúde municipal, pois este avançou no sentido de implantar um sistema integrado, hierarquizado, regionalizado e resolutivo para questões relacionadas aos agravos identificados nos índices epidemiológicos. Os desafios apontados são no sentido de formar profissionais para reconhecerem os determinantes das necessidades em saúde percebidas pelas famílias e pelos usuários moradores da área de abrangência dos serviços de saúde local e, assim, reverter o atual modelo de intervenção.


Paulo De Oliveira Perna – O Controle Social Na “Ponta” Do Sus: O Caso De Pontal Do Sul-Município De Pontal Do Paraná – PR (Dissertação de Mestrado, 2000)

A participação da sociedade na formulação e acompanhamento na implementação de políticas públicas em saúde é um dos princípios nucleares na estruturação do Sistema Único de Saúde brasileiro, conforme a Carta Constitucional de 1988. Trata-se do controle social exercido no campo da saúde. Esta participação, no entanto, não se dá por decretos legislativos. É preciso que certas condições sejam viabilizadas para que ela efetivamente possa acontecer. O presente trabalho teve como objetivo conhecer algumas dessas condições entre a população de usuários da localidade de Pontal do Sul, no Município de Pontal do Paraná, Estado do Paraná. Neste sentido, a investigação priorizou conhecer as representações da população local sobre o fenômeno da saúde – pois este é, em última análise, o objeto do controle social – bem como identificar qual é o conhecimento que a população tem sobre a existência do Conselho Municipal de Saúde e das Conferências Municipais de Saúde, que são as duas formas principais previstas em lei para o exercício do controle social. Para isso, primeiramente procedeu-se a uma identificação de todos os grupos organizados existentes na referida localidade e, em seguida, foram realizadas entrevistas com pessoas de atuação central naqueles mesmos grupos. A perspectiva teórica que orientou o trabalho foi a do materialismo histórico e dialético e a pesquisa de abordagem qualitativa foi a metodologia adotada. Ao final o estudo revela como a população local manifestou certo grau de consciência sobre a determinação de seus problemas de saúde, o que sugere que sua atuação no controle social pode contribuir na formulação de políticas públicas que melhor atendam às suas necessidades locais. Apontou, ainda, para lacunas importantes na relação entre população e poder público municipal, no sentido da falta de informações consistentes sobre o a existência e finalidade do Conselho e Conferências Municipais de Saúde, além da falta de outras práticas educativas relacionadas à participação cidadã em saúde.


Sandra Mara Alessi Müntsch – Os Programas De Saúde Do Trabalhador: Pedagogia Da Saúde Ou Pedagogia Do Capital? (Dissertação de Mestrado, 2001)


Carmen Elizabeth Kalinowski – O Trabalho Da Enfermeira Na Rede Básica De Saúde: Um Estudo De Caso (Dissertação de Mestrado, 2000)

O presente estudo tem como objetivo caracterizar o trabalho da enfermeira, com base na opiniäo dos profissionais em um Distrito Sanitário na rede básica do Município de Curitiba. Utiliza como referência teórica estudos sobre o trabalho da enfermagem e o estudo de caso como modalidade de pesquisa qualitativa. Os dados, obtidos em oficinas com 14 enfermeiras possibilitaram visualizar as categorias que traduzem os significados do trabalho e do trabalho em enfermagem para as participantes, percebendo-se que motivacäo, poder e invisibilidade perpassam o cotidiano profissional. Os dados também permitiram visualizar as principais categorias que representam o dia-a-dia do trabalho da enfermeira nas unidades de saúde, obtendo-se, assim, a organizacäo do ambiente do trabalho, a fragmentacäo do trabalho assistencial, atividades burocráticas e a falta de autonomia. Os resultados revelam que a preocupacäo das profissionais näo está limitada as dificuldades relacionadas as seu trabalho, mas à busca da sua compreensäo para a construcäo de uma prática de enfermagem que represente, sua competência profissional(AU).


Cláudia Hausman Silveira – Programa De Saúde Da Família: Um Estudo De Caso No Município De Joinville – Santa Catarina (Dissertação de Mestrado, 2000)

No processo de construção do Sistema Único de Saúde no Brasil (SUS), através da municipalização, o Ministério da Saúde propõe um Programa denominado Saúde da Família, que pretende ser uma estratégia capaz de mudar o modelo de atenção básica no setor público. Através do estudo de caso da implantação deste programa em Joinville, em Santa Catarina, buscou-se identificar seus alcances e limitações, sua articulação com os demais níveis de atenção que compõem o Sistema Municipal de Saúde daquele município, bem como seu potencial transformador. Conclui-se, com o estudo, que embora o Programa Saúde da Família não reoriente o modelo de assistência à saúde, potencialmente constitui uma proposta capaz de alterar de forma positiva as práticas sanitárias, desde que o cenário conjuntural assim o permita. Este trabalho integra a linha de pesquisa Identidade, Imaginário e Cultura nas Organizações.


Deise Prehs Montrucchio – Estudo Fitoquímico E De Atividade Microbiana De Ptychopetalum Olacoides Bentham (Dissertação de Mestrado, 2001)

A espécie Ptychopetalum olacoides Bentham, popularmente conhecida como “marapuama” ou “muirapuama”, é uma Olacaceae nativa da região norte do Brasil, há muito conhecida e utilizada por suas propriedades estimulantes e afrodisíacas, sendo inclusive exportada para diversos países. O estudo fitoquímico do lenho desta árvore, neste trabalho representado pelos galhos da planta, revelou a presença majoritária de vários ácidos graxos, esteróides e xantinas, sendo eles: ácido palmítico, ácido esteárico, b-sitosterol, estigmasterol, lupeol, glutinol, a-amirina, cafeína, teobromina e adenina, sendo que as três últimas não haviam ainda sido reportadas na espécie. O estudo das atividades antimicrobianas revelou que os extratos da planta não apresentam atividade inibitória sobre o desenvolvimento de cepas de Escherichia coli, Staphylococcus aureus ou Staphylococcus epidermidis. Porém, o resíduo do extrato alcoólico apresenta uma significativa ação inibitória do crescimento micelial de Colletotrichum acutatum, e ação menos pronunciada sobre o crescimento de Fusarium oxysporum.


Denise Siqueira De Carvalho – Avaliação Do Programa De Atenção Pré-Natal No Município De Curitiba (Tese de Doutorado, 2002)

A assistência pré-natal tem sido alvo de avaliações acerca dos seus componentes essenciais e impactos em contextos diversos. Em 1999, um novo programa de atenção pré-natal para as mulheres usuárias do SUS passou a vigorar no município de Curitiba, Paraná, Brasil, com modificações no fluxo de atendimento, número e distribuição de consultas, e procedimentos necessários a cada consulta, criando a oportunidade de realizar uma pesquisa com o objetivo de avaliar a sua implantação efetiva, tomando por referência as diretrizes técnicas estabelecidas pelo programa. O estudo abrangeu uma coorte de 660 primigestas, inscritas antes da vigésima semana de gravidez, entre março e agosto de 2000, com informações obtidas por meio de duas entrevistas domiciliares, consulta no cartão da gestante ou prontuário ambulatorial, e no prontuário hospitalar. A disponibilidade, acessibilidade e seguimento do protocolo pelos profissionais demonstram-se satisfatórias, mas mantém-se um início tardio e distribuição inadequada das consultas. Na classificação de adequação geral adotada, apenas 38,6% das mulheres preencheram todos os requisitos. Os resultados contribuem para a compreensão das complexas determinações presentes no desempenho adequado de um programa de pré-natal.


Edevar Daniel – Tendência Da Mortalidade Por Doencas Isquêmicas Do Coracão Na Cidade De Curitiba – Brasil, de 1980 a 1998 (Dissertação de Mestrado, 2002)

Analisar a tendência de mortalidade pelas doenças isquêmicas do coração, por sexo, e do infarto agudo do miocárdio, por sexo e faixa etária, de 1980 a 1998, na cidade de Curitiba. Utilizaram-se os dados de óbitos por doença isquêmica do coração e infarto agudo do miocárdio do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, por sexo, faixa etária e local de residência em Curitiba. Os dados de população foram obtidos da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. As taxas de mortalidade foram ajustadas por idade pelo método direto, utilizando-se como referência a população de Curitiba em 1980. A análise de tendência foi calculada através da regressão linear simples, com um nível de significância de 5 por cento. As taxas de mortalidade das doenças isquêmicas do coração apresentaram uma tendência de declínio em ambos os sexos. Nas faixas etárias do infarto agudo do miocárdio, o sexo masculino apresentou queda até os 79 anos; no sexo feminino, até os 59 anos, mantendo-se estáveis após estes períodos. No restante das doenças isquêmicas, o sexo feminino apresentou uma queda maior que o masculino. O estudo demonstra uma tendência de redução da mortalidade por doenças isquêmicas do coração, em ambos os sexos, na cidade de Curitiba, de 1980 a 1998. No infarto agudo do miocárdio, essa redução vem ocorrendo de forma mais pronunciada nos homens, mantendo-se estável, a partir dos 60 anos, nas mulheres. As razões para a tendência de redução diferenciada entre os sexos não são claras, permanecendo como importante questão para novas investigações.


Elizabeth Garzuze Da Silva Araújo – A Educação Para A Saúde Dos Trabalhadores No Contexto Da Acumulação Flexível: Estudo De Um Setor Da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Dissertação de Mestrado, 1999)

A atual etapa de acumulação do capital, fundada na reestruturação produtiva e na globalização da economia, vem produzindo alterações profundas no mundo do trabalho. Para responder à globalização com suas exigências de maior qualidade e competitividade, novas formas de gestão e de organização da produção substituem a base taylorista-fordista por novos processos de trabalho, tendo como eixo a flexibilização. A introdução de novas tecnologias de automação, baseadas na micro-eletrônica, na telemática, altera o conteúdo do trabalho, uma vez que a máquina embute a ciência não deixando mais transparecer o nexo causal entre a doença e a ferramenta de trabalho, e produz impactos sobre a saúde dos trabalhadores. Esta pesquisa foi realizada durante a implantação de novas tecnologias na Refinaria Presidente Getúlio Vargas, da Petrobrás, situada em Araucária no Paraná, com os operadores de craqueamento. Seus resultados indicam o aparecimento de uma nova tendência no perfil de saúde dos trabalhadores nessa etapa da acumulação flexível. Tendência essa que aponta para uma permanente insegurança gerada pela dinamicidade do processo de produção. Dessa insegurança resulta o medo, não só aquele estruturante do seu processo de trabalho, mas principalmente pelas atuais modificações ocorridas na empresa. A análise possibilitou a indicação de alguns pontos que podem contribuir para a construção de uma nova pedagogia de educação para a saúde, que tome o trabalho como princípio educativo.


Guilherme Souza Cavalcanti De Albuquerque – As Determinações Do Capital Sobre A Formação Do Trabalhador Em Saúde: Um Estudo Sobre Reformulações Curriculares Em Dois Cursos De Medicina Do Paraná (Tese de Doutorado, 2009)

Utilizando o Materialismo Histórico Dialético, o autor realiza uma análise sobre as reformas curriculares efetuadas na década de 90 em cursos de medicina de duas escolas do Paraná. A análise é baseada no ideário da reforma, sintetizado nas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina, que preconiza a formação de um médico generalista, humanista, crítico e reflexivo, adequado às necessidades do Sistema Único de Saúde e à solução dos problemas mais comuns da comunidade. Analisa-se a coerência interna das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina e a adequação das reformas instituídas ao seu ideário. Os dados foram obtidos a partir de entrevistas com dirigentes, docentes e discentes que vivenciaram as reformas e de uma pesquisa documental incluindo relatórios de estudos, grades curriculares, planos de aula, ementas. Constata-se uma adesão parcial das reformas realizadas ao preconizado nas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina, com graus de avanço diferentes de uma escola para outra; uma inadequação na orientação pedagógica preconizada e adotada de forma intensa por uma das escolas; a retirada de fundamentação teórica na formação dos médicos de ambas as escolas, sendo, em uma delas, predominantemente nos conteúdos da base científica e, na outra, nos conteúdos profissionalizantes. A partir destas constatações defende-se que os cursos devem rever seu direcionamento no sentido de garantir a transmissão dos fundamentos científicos sobre os quais se assenta a prática médica, com o intuito de formar profissionais que, com maior autonomia intelectual, possam decidir os melhores rumos para a prática médica a serviço da vida humana em sua plenitude.


Ipojucan Calixto Fraiz – Gestação, Itinerário Terapêutico E Peregrinação: Um Estudo Sociológico Da Perda Do Bebê No Bairro Sítio Cercado – Curitiba (Dissertação de Mestrado, 2001)

O sistema único de Saúde (SUS) é uma organização em construção no país. Tem como eixo principal o processo de descentralização, transferindo aos municípios a responsabilidade sobre a questão da saúde. É nesse palco que se insere o problema da mortalidade perinatal, com seus índices persistentemente altos. Este estudo teve como objetivo identificar as representações sociais sobre a mortalidade perinatal entre as mulheres que perderam seus bebês. Partindo dos dados epidemiológicos, selecionamos o bairro Sítio Cercado, na cidade de Curitiba-PR, onde ocorreram, em 1998, 43 mortes no período perinatal. Entrevistamos 17 das mulheres que vivenciaram essas mortes. Os resultados mostraram que a equipe da Unidade Básica de Saúde faz parte de uma rede de solidariedade que a mulher cria ao seu redor, oferecendo-lhe garantia. Porém, essas mulheres e suas famílias não puderam seguir um fluxo de atendimento hierarquizado, como prescreve o SUS. Em vez disso, peregrinaram pelo sistema de saúde. A quebra da garantia ocorreu principalmente no sistema hospitalar, e às mulheres foi imposto um sofrimento adicional.


Liliana Müller Larocca – O Agir Comunicativo Na Sala De Vacinas – Saberes E Fazeres Necessários À Prática De Enfermagem (Dissertação de Mestrado, 2000)

Esse estudo apresenta a comunicação entre atores sociais vacinadores e vacinandos em uma Sala de Vacinas. Esse cenário é visualizado resgatando os aspectos comunicacionais que ali se estabelecem e a memória coletiva dos atores sociais que ali atuam. O assunto vacinação é abordado por um prisma qualitativo, numa tentativa de contraposição ao enfoque estratégico prevalente nos programas e campanhas que envolvem o ato vacinal, resgatando um contraponto à mecanização e tecnicização. Essa abordagem prevê uma análise ética, despertando os atores sociais para que encarem a vacinação como ação cidadã e não como ação obrigatória. Assim, resgata-se a história da vacinação com ênfase na doença varíola e na vacinação antivariólica: sua descoberta, sua utilização mundial, as primeiras campanhas vacinais, a obrigatoriedade, as revoltas (especificamente no Brasil, o episódio da Revolta da Vacina) e a sua erradicação. Tem como fundamentação teórica as idéias e contribuições de Jürgen Habermas e Paulo Freire. A metodologia foi concebida como um “caminhar” pelo Mundo da Vida, por meio da pesquisa-ação. A análise dos dados compõe um caminho interpretativo onde o cenário Sala de Vacinas é concebido como pano de fundo para o Mundo da Vida. Os resultados propõem o início de um caminhar, pois, ao elencarem os saberes e fazeres necessários à prática de Enfermagem realizada na Sala de Vacinas, apontam para a construção de uma proposta de Metodologia de Assistência, a ser utilizada na Sala de Vacinas, onde se desenvolva um processo circular entre vacinadores e vacinandos, seres concretos, capazes de transformação social.


Lillian Daisy Gonçalves Wolff – A Compreensão Da Experiência Em Ser Cuidadora De Enfermagem Em Uma Unidade De Terapia Intensiva (Dissertação de Mestrado, 1996)

Pesquisa-cuidado que desvela o significado da experiência de ser cuidadora de enfermagem através da percepção das enfermeiras, técnicas e auxiliares de enfermagem de uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI Pediátrica). A pesquisa é fenomenológica e tem como questão norteadora o que é ser cuidadora de enfermagem. O cuidado transpessoal que ocorreu no encontro individual entre a cuidadora-pesquisadora e cada um dos sujeitos facilitou-lhes o seu discurso espontâneo sobre o significado que a sua consciência atribuiu ao seu vivido. Descrevo as etapas da trajetória metodológica que permitiram a identificação de unidades de significado e categorias emergentes desses discursos. Essas categorias tratam dos seguintes aspectos da experiência de ser cuidadora: a reflexão como um processo de auto-ajuda; o apreço pelo cuidar; o pensamento dos leigos sobre o trabalho das cuidadoras na UTI Pediátrica; o limite do cuidado; o estresse no cuidado; o cuidar de si; a condição de ser mulher e cuidadora; a valorização do fazer da cuidadora de enfermagem; e a desvalorização desta profissional. As categorias que denotam a ambivalência na experiência das cuidadoras referem-se a: cuidar dos outros e descuidar-se; cuidar da própria família ou trabalhar; razão e emoção; saber formal e saber que advém da prática da enfermagem; e a fé e as fontes de realização na experiência das cuidadoras. As categorias que dizem respeito à relação de cuidado referem-se: ao alcance das intenções das pessoas sadias e doentes; ao ouvir o outro como uma forma de cuidado; ao vínculo com as crianças hospitalizadas; e ao convívio e à comunicação com os pais das crianças. Outras categorias emergidas dos discursos dos sujeitos descortinam a consciência ética na comunicação com os pais dos pacientes e quanto à responsabilidade ao cuidar do outro, na experiências das cuidadoras sobre a morte e o morrer; e o cuidado aos pais diante da morte de seus filhos. O sentimento de impotência na experiência das cuidadoras está descrito em cinco categorias: em relação ao sofrimento das pessoas; às solicitações das pessoas; à necessidade de motivação para o trabalho; à solução dos problemas humanos pela ciência; e à previsão dos fenômenos da vida humana. A síntese do significado da experiência das cuidadoras revelou vários horizontes do cuidado de enfermagem, levando-me a destacar que a Enfermagem atua lado a lado com outras profissões da área da saúde, contudo possui sua própria identidade, e como tal o seu próprio processo de cuidar fundamentado em princípios morais, éticos e científicos relacionados ao cuidado.


Lillian Daisy Gonçalves Wolff – Um Modelo Para Avaliar O Impacto Do Modelo Operacional Na Produtividade De Hospitais Brasileiros (Tese de Doutorado, 2005)

Nesta pesquisa explicativa, de abordagem hipotético-dedutiva, o desempenho produtivo de hospitais foi estudado sob o critério da eficiência técnica. A produção hospitalar foi representada pelas atividades características e essenciais de qualquer hospital: os serviços de assistência à saúde relacionados ao diagnóstico e ao tratamento de pacientes internados. O hospital foi visto como um sistema orgânico, cujo ambiente operacional é integrado por atores e fatores que não estão sob o controle da Direção do hospital, mas que afetam diretamente o fluxo de recursos e os serviços assistenciais hospitalares, como ocorre, por exemplo, com os demais integrantes do sistema de assistência à saúde, as agências governamentais reguladoras e fiscalizadoras do setor de saúde, as agências financiadoras da assistência à saúde, as empresas fornecedoras de recursos hospitalares e os grupos locais de interesse nas atividades do hospital. A pesquisa fundamentou-se na hipótese de que o ambiente operacional tem impacto na produtividade hospitalar. Esse ambiente influencia as condições de eficiência técnica determinantes da capacidade do hospital gerar serviços de assistência à saúde com os recursos disponíveis. Com o propósito de demonstrar a tese de que a influência do ambiente operacional nas condições de eficiência técnica de hospitais pode ser avaliada mediante fronteiras de eficiência construídas com o uso de Análise Envoltória de Dados, foi construído um Modelo de Avaliação de Hospitais Brasileiros (MAHB), cuja variante empírica, criada a partir de dados disponibilizados ao público pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi específica para hospitais integrantes desse sistema. O modelo desenvolvido foi validado com dados provenientes de hospitais do Estado de Santa Catarina. Os resultados evidenciaram ser possível avaliar a intensidade e a direção da influência de fatores do ambiente interno e do ambiente operacional na produtividade e eficiência de hospitais. No caso específico dos hospitais da rede de Santa Catarina, no ano de 2002, verificou-se não haver diferenças na produtividade entre hospitais filantrópicos e privados contratados, e que os resultados indicam que as condições gerais de saúde da população, as condições de saneamento básico do município onde o hospital se localiza e a cobertura de serviços de atenção básica à saúde são fatores ambientais que afetam a produtividade e eficiência desses hospitais. O modelo proposto é inovador e relevante do ponto de vista teórico e metodológico, uma vez que permite isolar o componente gerencial da ineficiência técnica e o componente ambiental da ineficiência técnica de hospitais. Os resultados de sua aplicação permitem (I) aos gestores dos sistemas de saúde avaliar se a ineficiência técnica identificada em cada hospital é de origem gerencial e/ou ambiental; (II) à Direção de cada hospital específico conhecer o desempenho do seu hospital relativamente aos desempenhos dos demais do sistema de assistência à saúde, bem como tomar providências para aumentar a produtividade do seu hospital e, assim, torná-lo eficiente face às características do ambiente operacional; e, (III) à sociedade avaliar, com maior precisão, a efetividade de cada hospital no atendimento de suas necessidades de assistência à saúde.


Maria Lucia Da Silveira – Nervos E Nervosas Na Ilha De Santa Catarina(Dissertação de mestrado, 1998)

Nervos é um conjunto variado e instável de sintomas psicológicas e/ou somáticos, mediadores entre o sujeito sofredor e seu meio; constitui uma expressão de distresse ou estresse social. Sua sintomatologia é tosca, polimorfa e imprevisível, suscetível de comprometer quase todo o corpo e funções orgânicas inclusive as mentais, indo desde a ansiedade ou um mal-estar indefinido até crises convulsivas, catatonia ou a cataplexia, passando ainda por formas variadas de agressividade ou apatia; coincide muitas vezes com a descrição clássica da histeria ou com o que os médicos reconhecem como piti ou psico… É um fenômeno polissêmico, uma explicação, tanto quanto uma forma de expressão para cansaço, fraqueza, irritabilidade, tremores, conflitos conjugais e sociais, cefaléias, ira e ressentimentos, infecção parasitária, aflições, privações afetivas ou materiais, fome… Sua etiologia liga-se principalmente a fatores sócio-relacionais, porém a experiência do paciente é física. Nervos fala não só de sentimentos pessoais mas de diversos aspectos da vida, de conflitos sociais, de papéis relacionados ao gênero, de desviantes, da ideologia e da prática médica, entre outros. Não tem na Biomedicina, uma abordagem específica pelo contrário, a consulta médica o despoja de seus significados e conteúdos sociais e a consulta médica, em geral, esvazia, desmerece o sofrimento do doente: isso é só um Nervoso. Propõem-se, portanto, uma abordagem antropológica que leve em conta esses fatores. Dela nasce uma interpretação para o caso dos nervos no Campeche (Florianópolis, SC) que pode ser resumida em três pontos: 1) Naquela comunidade, nervos é um problema das mulheres: 2) Constitui para elas uma linguagem social; 3) Pode representar uma forma dissimulada de exercer violência sobre os circunstantes.


Maria Marta Nolasco Chaves – Concepções De Usuários Do Serviço Local De Saúde De Uma Comunidade Agroindustrial Sobre O Processo Saúde-Doença (Dissertação de Mestrado, 2000)

Este estudo qualitativo, exploratório, teve como objeto de estudo “as concepções sobre o processo saúde–doença de usuários do serviço de saúde de uma comunidade agroindustrial”, do Município de Cascavel – PR, tendo sido realizado por meio do método do estudo de caso. Objetivou caracterizar as concepções dos usuários e relacioná-las ao referencial teórico, com a finalidade de contribuir para uma prática sanitária comprometida com a realidade onde se insere. A Unidade-caso estudada foi a Comunidade de Rio do Salto, tendo sido realizadas 16 entrevistas com usuários do serviço de saúde – atores sociais desta pesquisa. Duas categorias empíricas emergiram dos discursos, sendo elas a representação dos usuários sobre doença e as representações dos usuários sobre saúde. Em ambas as concepções, limitaram-se ao imediato individual, havendo correlação muito limitada com determinantes macro-estruturais. A saúde e a doença apareceram como opostos de uma mesma realidade vivida, onde a doença é mais vivenciada, pois a busca pela saúde passa primeiro pela superação da luta pela sobrevivência. A saúde foi concebida como algo que se adquire ao consumir os serviços de saúde, apesar de surgir inicialmente como imprescindível à vida. A doença foi concebida como associada à dor e ao sofrimento, o que os impede de trabalhar e acarreta-lhes despesas financeiras. Acreditamos que a condição da não consciência da determinação do processo saúde-doença, pelos sujeitos, deu-se pelo fato de que a realidade vivida é a ausência de saúde. Esta foi percebida como ausência de recursos para atender as necessidades básicas. Assim, a luta pelo atendimento destas os mantém no nível de compreensão onde o imediato do cotidiano é o que determina a realidade vivida. Os adoecimentos foram correlacionados ao ar contaminado, à falta de higiene corporal e ambiental, à alimentação inadequada, a fatores genéticos, ao não consumo de serviços de saúde e ao estilo de vida. A religiosidade é potencializada da pré-condição ao adoecimento. As concepções de saúde-doença foram vinculadas a pólos opostos, estados contrários em uma mesma realidade, sem, contudo haver a percepção de que esses pólos opostos constituem elementos de um mesmo eixo, só que distantes entre si. Focalizaram os espaços em que os pólos existem, como são percebidos, mas nunca o espaço que os une ou a visão do eixo como um todo. A conscientização torna-se a possibilidade de transcender a realidade vivida pelos sujeitos, de compreensão da causalidade, bem como de um processo de mudança dos profissionais para uma prática sanitária compromissada com a intervenção resoluta. Este estudo alcançou os objetivos propostos e convalidou os pressupostos que o nortearam, ou seja, que o desenvolvimento de ações e atividades de saúde, sem o conhecimento e a compreensão, pelos profissionais, dos interesses e concepções dos usuários sobre os problemas de saúde, o processo saúde-doença e os encaminhamentos dados em busca pela resolutividade, pode gerar uma prática sanitária caracterizada pela não aderência, bem como a consciência ingênua da realidade, o que favorece modelos reprodutores de dominação, de exclusão de classes e da não resolutividade por meio da assistência prestada.


Marilene Da Cruz Magalhães Buffon – A Saúde Bucal E A Fitotecnia: Ações Interdisciplinares Do Cirurgião-Dentista E Do Engenheiro Agrônomo (Dissertação de Mestrado, 2002)

O presente trabalho tem por objetivo discutir e apresentar uma possível relação interdisciplinar entre o cirurgião-dentista e o engenheiro agrônomo, ambos visando a melhoria na qualidade de vida da população rural, através de medidas educativas e preventivas e com ações que contribuam para a construção da cidadania, com vistas ao paradigma social e ambiental. Visa, também, apresentar a fitoterapia enquanto perspectiva de terapêutica adequada. As análises e sínteses foram baseadas em pesquisas descritivas bibliográficas. A população da zona rural, além de ser excluída dos levantamentos epidemiológicos, não encontra os serviços de atenção básica à saúde voltados às suas necessidades. Porém, esta população tem, na maioria das vezes, o engenheiro agrônomo como orientador e consultor dos seus problemas. Estudos epidemiológicos demonstram que a cárie dentária e a doença periodontal atingem uma grande parcela da população brasileira. Essas doenças são provocadas pela placa dentária, e a constante necessidade de se avaliar meios alternativos viáveis, baratos e seguros, para o controle da placa bacteriana, tem estimulado o estudo de plantas medicinais para este fim. Na área rural, a fitoterapia pode ser indicada como um meio alternativo em programas preventivos, por um cirurgião-dentista e um agrônomo-educador, na tentativa de mudança nas atitudes dos agricultores, promovendo e mantendo a saúde, buscando assim a melhoria na qualidade de vida.


Marilene Da Cruz Magalhães Buffon – Aplicação Do Extrato De Agrião D’água (nasturtium officinaleR. Br. – brassicaceae) No Controle Da Placa Bacteriana: Uma Proposta Para A Saúde Pública (Tese de Doutorado, 2005)

Estudos têm demonstrado que a placa dental é um dos fatores determinantes para o surgimento da cárie e doença periodontal, justificando, dessa maneira, a utilização de medidas para o seu controle. Nesse sentido, colutórios contendo Nasturtium officinale R. Br, mais conhecido como agrião, podem ser testados, visto que essa planta apresenta compostos com possível atividade contra microrganismos presentes na cavidade bucal. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar in vitro a eficácia das diferentes frações obtidas do extrato bruto do Nasturtium officinale R. Br frente à eficácia da solução do digluconato de clorexidina a 0,2% no controle da placa dental. As amostras de placa bacteriana coletadas foram submetidas à identificação e isolamento das bactérias presentes. O material coletado foi inoculado em meio BHI com ágar e distribuído em placas de petri. Sobre a superfície do meio foram realizadas escavações e nestas foram adicionados 150 μl de extratos fracionados. Após o período de incubação, foram observados e medidos os halos de inibição. Foi também testada uma solução para bochecho contendo extrato hidroalcóolico a 5% de Nasturtium officinale R. Br. em 17 voluntários. Concluiu-se que as diferentes frações obtidas a partir do extrato bruto do agriãomostraram-se eficazes na inibição do crescimento de diferentes microrganismos presentes na cavidade bucal e mostrou-se eficaz na redução da formação de placa dentária, confirmando suas propriedades terapêuticas e sendo economicamente viável, eficiente, ecologicamente benéfico, disponível nas propriedades rurais e incorporado ao cotidiano do homem do campo, prevenindo e promovendo a sua saúde bucal.


Paulo De Oliveira Perna – O Controle Social Na “Ponta” Do Sus: O Caso De Pontal Do Sul-Município De Pontal Do Paraná – PR (Dissertação de Mestrado, 2000)

A participação da sociedade na formulação e acompanhamento na implementação de políticas públicas em saúde é um dos princípios nucleares na estruturação do Sistema Único de Saúde brasileiro, conforme a Carta Constitucional de 1988. Trata-se do controle social exercido no campo da saúde. Esta participação, no entanto, não se dá por decretos legislativos. É preciso que certas condições sejam viabilizadas para que ela efetivamente possa acontecer. O presente trabalho teve como objetivo conhecer algumas dessas condições entre a população de usuários da localidade de Pontal do Sul, no Município de Pontal do Paraná, Estado do Paraná. Neste sentido, a investigação priorizou conhecer as representações da população local sobre o fenômeno da saúde – pois este é, em última análise, o objeto do controle social – bem como identificar qual é o conhecimento que a população tem sobre a existência do Conselho Municipal de Saúde e das Conferências Municipais de Saúde, que são as duas formas principais previstas em lei para o exercício do controle social. Para isso, primeiramente procedeu-se a uma identificação de todos os grupos organizados existentes na referida localidade e, em seguida, foram realizadas entrevistas com pessoas de atuação central naqueles mesmos grupos. A perspectiva teórica que orientou o trabalho foi a do materialismo histórico e dialético e a pesquisa de abordagem qualitativa foi a metodologia adotada. Ao final o estudo revela como a população local manifestou certo grau de consciência sobre a determinação de seus problemas de saúde, o que sugere que sua atuação no controle social pode contribuir na formulação de políticas públicas que melhor atendam às suas necessidades locais. Apontou, ainda, para lacunas importantes na relação entre população e poder público municipal, no sentido da falta de informações consistentes sobre o a existência e finalidade do Conselho e Conferências Municipais de Saúde, além da falta de outras práticas educativas relacionadas à participação cidadã em saúde.


Tânia Madureira Dallalana – Na Saúde E Na Doença: A Família E Suas Relações Com A Instituição Hospitalar (Dissertação de Mestrado, 2003)

A proposta deste estudo é buscar a compreensão dos aspectos que organizam a relação das famílias com a instituição hospitalar e as equipes de saúde, tendo como referência o Hospital de Clínicas da Universidade federal do Paraná, através dos fundamentos teóricos e metodológicos da teoria sistêmica. Tem como objetivos principais compreender como está se construindo a relação entre as famílias, a pessoa doente e as equipes de saúde no processo de tratamento dentro da instituição hospitalar, e localizar interfaces que possibilitem a integração com os instrumentos teóricos sistêmicos e correlacioná-los com a idéia do desenvolvimento de inter-relações de colaboração; ações co-construídas entre a equipe de saúde, o paciente e seus familiares, pela perspectiva do modelo de cuidado do ponto de vista do paciente e do sistema de suporte: a família e a rede social. Compreende-se por inter-relações de colaboração o desenvolvimento de ações co-construídas entre a equipe de saúde, o paciente e seus familiares, pela perspectiva do modelo de cuidado do ponto de vista do paciente e do sistema de suporte: a família e a sua rede social significativa. A relevância desta averiguação reflete-se no reconhecimento da importância da família como um agente com capacidade também de intervenção na construção de ações eficazes e terapêuticas durante o planejamento do tratamento, sendo também extremamente importante para a redistribuição de condutas clínicas e a descentralização de atendimentos, o que minimiza o trabalho da equipe e possibilita um fluxo de atendimento extensivo para mais indivíduos e seus familiares com problemas na área de saúde.

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