Este trabalho foi conduzido com objetivo de propor um modelo de atendimento multiprofissional, com abordagem interdisciplinar, para tratamento da criança com sobrepeso/obesidade. Procurou-se: compreender/identificar fatores que levaram ao sobrepeso/obesidade em um grupo de crianças; conhecer essas crianças e sua famílias, tentando identificar possível influência do ambiente familiar no processo desse distúrbio alimentar; promover integração dos profissionais envolvidos com essa problemática, nas atividades propostas nesse modelo de atendimento; e mobilizar as crianças para iniciar mudanças nos hábitos alimentares e de vida. Desenvolveu-se entre agosto e outubro de 2006. A metodologia foi a qualitativa de intervenção, através da formação de um grupo de trabalho, da observação e de visitas domiciliares, com aplicação de entrevistas semi-estruturadas. As crianças foram selecionadas a partir da coleta/análise de dados antropométricos, realizadas em uma escola municipal de Colombo – PR, em abril de 2006. A amostra foi de 12 crianças. As atividades em grupo ocorreram durante nove encontros, nos quais foram utilizados materiais educativo-ilustrativos e linguagem acessível para essa população, abordando temas como: alimentação saudável, auto-estima e atividade física. As visitas domiciliares serviram como suporte para conhecimento das crianças e suas famílias. Observou-se que, embora as crianças não tenham reduzido peso ou Índice de Massa Corporal (IMC), estas apreenderam as principais informações referentes a cada tema trabalhado e demonstraram interesse em mudar hábitos alimentares e de vida, algumas já o fazendo. Os objetivos foram alcançados, facilitando o desenvolvimento do estudo, mostrando que o trabalho com e em grupo é uma boa alternativa para o tratamento do sobrepeso/obesidade infantil.
O Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) é um importante instrumento de trabalho da equipe no Programa de Saúde da Família (PSF) e caracteriza-se por ser um sistema territorializado, que permite o planejamento e avaliação das ações no nível local. Considerando a elevada morbimortalidade do câncer bucal, sua etiologia fortemente influenciada por fatores de risco extrínsecos e a inexistência de ações de detecção precoce da doença no município de Colombo-PR, realizou-se o presente estudo. Os objetivos propostos foram: delimitar quantitativamente, a partir do SIAB, a população de risco para o desenvolvimento do câncer bucal (ou seja, número de homens, acima de 40 anos, tabagistas e etilistas) residente em duas áreas de abrangência da Unidade de Saúde Atuba, Colombo-PR; verificar a qualidade dos dados gerados e sua adequação para o desenvolvimento de ações de “busca ativa”. O estudo realizado foi observacional descritivo, pois expôs as características de uma população de usuários pertencentes a duas áreas de abrangência do PSF da Unidade de Saúde Atuba. Com relação aos meios, foi documental, pois sua base de dados foram os relatórios do SIAB referentes ao período de janeiro a dezembro de 2005 e os dados utilizados foram, portanto, secundários. Foram identificados 620 usuários do sexo masculino, com idade superior a 40 anos (o que corresponde a 25,27% do total de indivíduos do sexo masculino) e 22 registros de alcoolismo. A variável fumante, apesar de pertencente ao formulário de cadastro de pacientes hipertensos e diabéticos, não pôde ser obtida nos relatórios, pois não possui campo específico no software do SIAB para ser armazenada. Embora os relatórios gerados pelo sistema não tenham permitido a delimitação exata do universo populacional sob maior risco, eles possibilitaram ao menos estimar um público-alvo para estratégias de promoção de saúde, prevenção primária e secundária do câncer da boca. O estudo permitiu vislumbrar possibilidades de “busca ativa” do câncer bucal baseada no grupo de alto risco, a partir de um Sistema de Informação já existente – o SIAB. Ainda, aponta a necessidade de reformulação das fichas e do software do sistema, especialmente em relação ao tabagismo e etilismo, e de melhoria dos critérios de preenchimento dos mesmos. O SIAB possui um enorme potencial como instrumento de planejamento e avaliação de ações de prevenção do câncer bucal que ainda não foi devidamente explorado.
A gestação é um período de muitas transformações na vida de uma mulher, as quais afetam também as pessoas que estão envolvidas nesse contexto. O presente estudo teve como objetivo identificar a percepção das gestantes sobre sua alimentação e a importância que a mesma possui no crescimento e desenvolvimento do feto, seu estado nutricional atual, seu ganho de peso durante o período gestacional e os sentimentos em relação às mudanças corporais vivenciadas durante o processo de gestação. Trata-se de uma pesquisa social de caráter qualitativo-descritivo, na qual a amostra englobou gestantes com diferentes estados nutricionais. Essas gestantes estavam sendo atendidas no pré-natal da Unidade de Saúde da Família Alexandre Nadolny, no município de Colombo, Paraná. A maioria das gestantes entrevistadas demonstrou uma mistura de sentimentos de alegria, apreensão, dúvida e comportamentos ambivalentes, o que confirma que a gestação é marcada por muitas mudanças que ocorrem em variados aspectos. As gestantes manifestaram-se, ainda, acerca de sua alimentação e de mudanças em seus hábitos alimentares, do ganho de peso e das transformações corporais e emocionais desse período. De um modo geral, essas manifestações estavam relacionadas com a aceitação ou não da gravidez. Também expressaram suas dúvidas sobre o que podem e devem comer, ou o que não seria recomendado para uma mulher grávida ingerir. Observamos que existem dificuldades quanto à orientação dessas gestantes no pré-natal, já que algumas não haviam recebido informações relacionadas à alimentação durante a gestação ou essas estavam incorretas, demonstrando a importância do profissional nutricionista na equipe multiprofissional de Saúde da Família.
O presente estudo teve como foco de pesquisa o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde e a promoção do uso racional de medicamentos. O objetivo foi analisar o conhecimento dos Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) de uma Unidade de Saúde da Família (USF), em Colombo-PR, a respeito daquele tema. Este estudo foi norteado teórica e metodologicamente pelo materialismo histórico-dialético. O método utilizado na realização das entrevistas e na análise posterior foi o qualitativo-descritivo, e tomaram-se como base para a discussão as categorias da totalidade, da contradição e da mediação. O estudo identificou diversas contradições inerentes à profissão de Agente Comunitário de Saúde e à atuação deste na promoção do uso racional de medicamentos. Foram entrevistados 12 ACSs, dos 15 alocados naquela USF e, na análise, verificou-se que a maioria dos ACSs, dez (10), relatou trabalhar há menos de 2 anos na área da saúde, sendo que sete (7) deles trabalham somente há 8 meses. Poucas das ocupações anteriores dos ACSs apresentavam relação, de alguma forma, com cuidados de saúde. A faixa etária dos ACSs variava entre 21 a 48 anos. Quanto à escolaridade, observou-se que a maioria dos ACSs já concluiu o Ensino Médio (8 Agentes), sendo que três (3) têm o Ensino Médio incompleto (estão estudando), e um (1) deles concluiu o Ensino Fundamental. O período de atuação dos ACSs nas micro-áreas pelas quais eram responsáveis variou entre 8 meses a 1 ano e 3 meses. A investigação pôde demonstrar que todos os ACSs orientam sobre a utilização dos medicamentos, incluindo informações sobre doses, horários e tempo de tratamento e, alguns deles, ainda, admitem indicar certos medicamentos para os usuários. Ao mesmo tempo, verificou-se que somente um (1) ACS participou de capacitação/qualificação sobre o uso de medicamentos, e ainda assim não voltada para a especificidade do seu trabalho. Conhecendo os altos índices de morbimortalidade relacionados ao uso não racional dos medicamentos, deve-se, portanto, pensar na qualificação desses ACSs para a promoção do uso racional, e na inclusão de outros profissionais relevantes nesse contexto, como o próprio farmacêutico.
Foi realizado um levantamento do perfil epidemiológico dos usuários atendidos no serviço odontológico de uma Unidade de Saúde PSF do município de Colombo – Paraná, descrevendo duas estratégias de agendamento: mensal e diário, realizadas durante o ano de 2005. Através da análise documental de 1070 Fichas Clínicas Estomatológicas, foram coletados dados sobre idade, sexo, área de abrangência, agravos existentes no momento da consulta, procedimentos realizados por usuário no consultório, número de sessões utilizadas e se o tratamento foi completado, prescrição de medicamentos e encaminhamentos realizados. Os resultados mostraram que a forma de agendamento diário atendeu maior número de usuários, houve menor quantidade de faltas e a realização de mais procedimentos clínicos, apresentando, porém, um perfil de pronto-atendimento e baixo retorno do usuário para conclusão do tratamento. No agendamento mensal foi possível programar melhor o plano de tratamento do usuário, mas a acessibilidade ao serviço odontológico ficou reduzida. A parcela da população que mais buscou atendimento odontológico foi do sexo feminino, entre 11 a 20 anos de idade, residente da área de abrangência da Unidade de Saúde, principalmente para ações curativas. A análise das diferentes formas de agendamento odontológico permitiu reconhecer que existe necessidade do uso de informações epidemiológicas para realização do planejamento local do serviço odontológico e organização do fluxo de atendimento, de forma a facilitar o acesso da maior parte da população da área de abrangência, garantindo a universalidade do serviço e revertendo a baixa efetividade e sustentabilidade das ações de saúde bucal realizadas nesta unidade de atendimento.
O estudo em questão teve como objetivo identificar as práticas de tratamento e conceitos sobre saúde e doença referidos pelos moradores do Jardim Campo Alto e por usuários da Unidade de Saúde Atuba, no município de Colombo/Paraná. Para tal, pretendeu-se com o trabalho de campo levantar os principais recursos terapêuticos empregados, buscando identificar suas inserções nas formas de tratamentos oficiais e/ou populares tradicionais. Para análise das informações obtidas utilizou-se como referencial teórico a visão ecológica de BOFF (1990), que aponta a necessidade de mudanças na atual relação homem-natureza, no sentido da busca pela superação do paradigma social de consumo, visando a construção de uma sociedade sustentável. Para isso, utilizou-se como metodologia de pesquisa a abordagem qualitativa, de caráter descritivo e exploratório (TRIVIÑOS, 1987). Foram entrevistados 10 usuários vinculados à U. S. Atuba, cadastrados no programa de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus. A análise dos depoimentos propiciou a construção de três categorias de análise: as transformações das relações com a natureza; concepções de saúde e doença e alternativas de cura e tratamento. Como resultado da investigação pôde ser evidenciada a existência de mudanças no modo de vida e na relação com a natureza, apontadas pelos entrevistados de origem rural em função do processo de êxodo campo causado pela modernização da agricultura, industrialização e urbanização. Os conceitos de saúde e doença de referência para o grupo entrevistado apresentam a uma pluralidade de visões de realidade, destacando-se a presença de uma dimensão mágico-religiosa, bem como uma explicação do processo vinculada a determinantes sociais, biológicos, culturais e ambientais. Pôde ser evidenciada a existência de um “universo de cura” acessado pelos usuários entrevistados, no qual se destacaram como principais recursos, pela ordem de acessibilidade: a cura pela fé religiosa, as redes sociais de apoio, o uso das plantas medicinais, a alimentação e os medicamentos. Tais elementos encontram-se disponíveis em sistemas de tratamentos provenientes da medicina informal, popular/tradicional e alguns deles também no sistema oficial de saúde. Este último apresenta-se diretamente ligado ao modelo biomédico, utilizando os medicamentos como principal recurso terapêutico e de poder sobre as práticas locais. Já os demais sistemas de tratamento apresentam uma maior vinculação com o modelo religioso, contando com recursos ligados ao conhecimento popular/tradicional (plantas medicinais) e às redes sociais de apoio vinculadas principalmente aos grupos religiosos. As análises das informações coletadas apontaram a importância dada pelos moradores às práticas de tratamentos complementares que se integram ao modelo biomédico e aos mais diferenciados recursos terapêuticos. A consideração do sujeito em sua singularidade, complexidade e integralidade e na sua inserção sócio-cultural torna-se uma necessidade para que ocorra a superação da visão unicamente biológica de saúde, ainda excessivamente presente nas práticas oficiais de assistência. Com base no estudo realizado, considera-se como fundamental o reconhecimento e a valorização de tais alternativas como formas de medicina a serem valorizadas pelo SUS nas ações de atenção básica em saúde, conforme apontado pela Lei Orgânica da Saúde e pelas Políticas Nacionais de Atenção Básica; de Práticas Integrativas e de Fitoterapia e Plantas Medicinais.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa que, a partir da reflexão sobre a vivência dos farmacêuticos residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Universidade Federal do Paraná, elaborou uma proposta para o ensino da Atenção Básica à Saúde na graduação de Farmácia, tendo o território como ambiente para a formação. Esta reflexão tomou por subsídio teórico a revisão de literatura sobre a atual conjuntura da educação, o ensino na área de saúde e a formação do farmacêutico. Foram considerados pontos-chave para a atuação do farmacêutico na atenção básica a territorialização, as visitas domiciliares, as instituições de ensino locais, as atividades na Unidade de Saúde, a participação no programa de Hipertensos e Diabéticos e em outros programas e as atividades de Promoção da Saúde. Também foram levantadas as dificuldades e situações relacionadas à graduação que permearam as atividades dos sujeitos da pesquisa. Formulou-se uma proposta fundamentada pela cooperação, comunicação, documentação e afetividade, com base na realidade e na prática de campo, de forma crítica, reflexiva e ciente dos seus limites e inacabamento. Sugeriu-se ter o Planejamento Estratégico como referencial para as ações e a metodologia de Estimativa Rápida para o diagnóstico dos problemas. Foram propostas atividades transversais e interdisciplinares durante a graduação, bem como estágio e atividades complementares relacionadas à pesquisa e extensão.
Este trabalho foi desenvolvido em uma Unidade Básica de Saúde de Colombo- PR e trata sobre o tema Suporte Básico de Vida (SBV). Foi elaborado um planejamento para realização de atividades de educação em serviço sobre o referido tema, com a finalidade de treinar a equipe de enfermagem (técnicos e auxiliares de enfermagem) para o atendimento inicial da parada cardíaca e/ou pulmonar. O trabalho justifica-se considerando que situações de emergência, como a parada cardiopulmonar, ocorrem a qualquer momento e de modo inesperado, devendo a vítima receber atendimento imediato, ainda “fora do hospital”. Igualmente a Unidade de Saúde que presta um serviço próximo à população e preza os princípios do SUS e PSF deve manter seus profissionais capacitados a atender emergências, dentro dos limites da atenção básica. O público-alvo foram 6 auxiliares e técnicos de enfermagem. A metodologia utilizada foram as etapas metodológicas da educação continuada. A 1ª etapa foi o levantamento das necessidades de aprendizagem através de um pré-teste. Na 2ª etapa foram selecionados os conteúdos que seriam trabalhados, a partir das necessidades levantadas. Na 3ª etapa foi realizado o planejamento das atividades juntamente com o grupo. A 4ª etapa foi o desenvolvimento das atividades ,e na 5ª etapa os participantes avaliaram as atividades de educação em serviço e se auto-avaliaram. Os funcionários mostraram interesse e participaram ativamente das atividades desenvolvidas. Da avaliação geral do trabalho, pode-se dizer que houve compreensão, por parte dos participantes, da importância do tema trabalhado e que seria importante dar continuidade às atividades de educação em serviço.
A pesquisa trabalhou os pressupostos da Educação Permanente em Saúde (EPS) com os Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) da Unidade de Saúde da Família São Domingos (USSD), no Município de Colombo. O objetivo foi desenvolver atividades que permitissem ao ACSs (re)avaliar suas práticas, habilidades e competências, propondo ações que reorientassem o seu processo de trabalho para atuações que contemplassem o seu perfil técnico e social. A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa participante. Foram desenvolvidas oficinas utilizando a problematização das práticas, na busca da aprendizagem significativa, onde então se realizou a descrição desse profissional, bem como se discutiu as questões relacionadas ao seu perfil técnico, a relação/integração do Agente com a equipe de saúde e a compreensão da fragilidade do seu perfil social. O ACS da USSD caracteriza-se como: mulher, entre 30-39 anos, com ensino médio completo, residente na comunidade, entre 2-10 anos, contratada por processo seletivo e que resolveu ser Agente porque estava desempregada. Para a Unidade de Saúde (U. S.), o ACS tem a função principal de “visitador” de famílias com o intuito de informar a população sobre o funcionamento e os serviços prestados pela U. S. O ACS prioriza o perfil técnico no desenvolvimento do seu trabalho e sente-se mais integrado à U. S. do que à comunidade. Estes são fatores que refletem o perfil da assistência da U. S., essencialmente clínico e segmentado. Entendemos que discutir o processo de trabalho, praticar as tecnologias leves e o trabalho vivo são os caminhos para a produção de um cuidado mais acolhedor, dinâmico e transformador. A EPS pode oportunizar o desenvolvimento dessas práticas. Após finalização desse trabalho, deixamos como sugestão o desenvolvimento de novos estudos como forma de aprofundar essa linha de pesquisa.
A criação e consolidação do SUS foram norteadas por princípios e diretrizes. O sistema de referência é um dos instrumentos para operacionalização do SUS, especialmente dos princípios da integralidade, descentralização e hierarquização, além de garantir a articulação entre todos os níveis de atenção à saúde. Atualmente, o acesso aos serviços de saúde é um importante nó crítico do SUS e está relacionado a diversos fatores. Este é um problema presente também no município de Colombo, na região metropolitana de Curitiba. Este município conta com uma limitada rede de serviços especializados, de modo que se observa um elevado número de usuários aguardando o agendamento de consultas especializadas, cujo tempo de espera varia de 15 dias a 24 meses. Considerando este contexto, neste estudo buscou-se identificar ações que pudessem ser implementadas para melhorar a atenção à saúde de usuários que utilizam o Serviço de Referência (S. R.) para especialidades no município de Colombo. Trata-se de uma pesquisa de campo, descritivo-exploratória, de abordagem qualitativa. Inicialmente, realizou-se a descrição do fluxo de referência para especialidades, por meio da análise do protocolo municipal de Referência e Contra-Referência, e das entrevistas com os funcionários da SMS de Colombo. Em seguida, mediante dados de entrevistas, obteve-se a descrição das alternativas de atenção à saúde adotadas pelos usuários, enquanto aguardam na fila de espera por endocrinologista. A análise desses dados permitiu o levantamento de pontos críticos. Identificou-se que os pontos críticos no S. R. relacionaram-se a diversos aspectos como: seu fluxo de referências, a estrutura de seus serviços e a articulação entre eles e com os demais serviços do Sistema de Saúde de Colombo, e deste com outros Sistemas Municipais de Saúde. Ademais, há outros pontos críticos relacionados à formação dos profissionais, bem como ao planejamento e avaliação das ações implantadas atualmente. Também foram levantadas pelos funcionários ações para aperfeiçoamento do S. R. Por sua vez, as principais alternativas de cuidado que os usuários referiram adotar enquanto aguardam pelo encaminhamento estavam relacionadas à procura pelos serviços particulares, mas principalmente, aos cuidados com alimentação, uso de medicamentos e práticas de atividade física, nem sempre com a orientação adequada ou de um profissional, apesar de alguns deles ainda manterem o acompanhamento na U. S. Discutiu-se a necessidade de estudos epidemiológicos para o planejamento de ações que contemplem os diversos níveis, ou seja, U. S., S.M.S., nível estadual e, inclusive, ações intersetoriais; bem como a necessidade de incorporação de algumas destas no Protocolo Municipal de Referência e Contra-Referência. Enfim, este estudo corroborou a necessidade de priorização da Atenção Básica em Colombo, com resolubilidade, com acompanhamento longitudinal e integral dos usuários, investimento maior em prevenção e promoção da saúde, e articulação com outros níveis de atenção. Contudo, faz-se necessário que a S.M.S. esteja integrada com outras secretarias, de modo a ampliar a rede de serviços de referência para especialidades.
Esse trabalho tem por objetivo avaliar o desenvolvimento das ações de nutrição pelos profissionais de nível superior de uma Unidade de Saúde (U. S.) em Colombo-PR e verificar a sua percepção por usuários, considerando também as limitações observadas no serviço. Para isso, utilizamos a Pesquisa Qualitativa, através de entrevistas semi-estruturadas com sete profissionais de nível superior e sete usuários da área de abrangência da U. S., no período de setembro a novembro de 2006, de acordo com o que determina a Resolução 196/96 do Ministério da Saúde. A análise dos depoimentos seguiu os enfoques subjetivistas-compreensivistas, ou seja, apenas apresentou e descreveu os fenômenos sem o propósito de lhes introduzir transformação substancial. Os discursos dos profissionais revelaram que durante seu processo de formação tiveram pouco ou nenhum contato com as disciplinas de Nutrição e, apesar de entenderem a complexidade da relação Alimentação e Saúde, reconheceram, em sua maioria, que não detêm conhecimento suficiente sobre o assunto. Também foi possível constatar que os mesmos têm dificuldades em lidar e identificar problemas alimentares, além de apontarem uma série de dificuldades como limitantes de sua atuação. Com os discurso dos usuários ficou claro que o papel do nutricionista permanece obscuro, pois eles (os usuários) se submetem a receber orientações gerais e básicas, muitas vezes adquiridas através de leituras, cursos e programas de televisão, por parte dos profissionais, não sendo respeitados seus hábitos, crenças e até suas condições financeiras. O nutricionista foi citado apenas em um dos relatos dos usuários como profissional responsável e capacitado para suprir todas as necessidades relacionadas à alimentação e saúde. Muitas das frustrações relatadas pelos profissionais puderam ser explicadas pelos discursos dos usuários, onde contatamos a influência de fatores culturais e educacionais no seguimento (ou não) das orientações repassadas. Como propostas em curto prazo sugerimos discutir com a comunidade e gestores os principais problemas relacionados com a alimentação e nutrição em nível local, viabilizando propostas de solução. E a médio e longo prazo, entre outras questões, acreditamos serem indispensáveis, novas diretrizes para a melhoria da formação do profissional de saúde e o fortalecimento da participação do nutricionista na equipe multiprofissional em Saúde da Família, bem como sua inserção em todos os níveis do sistema de saúde (local, regional e municipal), no estabelecimento de políticas de alimentação e nutrição, priorizando sempre o social. Superar um saber individual e narcísico, olhar em torno de uma comunidade e descobrir as riquezas que nela existem fora do saber puramente médico, técnico e mecânico, é um desafio a todos(as) os(as) trabalhadores(as) e gestores da Saúde.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa que, a partir da observação sistemática da rotina de trabalho das auxiliares de consultório dentário e auxiliares de serviços gerais, bem como da realização de entrevistas com as mesmas, buscou-se analisar o processo de desinfecção e esterilização dos consultórios odontológicos das Unidades de Saúde em Colombo onde atuam Residentes do Programa de Residência Multiprofissional da UFPR. A análise tomou por subsídio teórico a revisão de literatura sobre o controle de infecção em odontologia e os princípios preconizados pelo Ministério da Saúde. Foram detectados alguns problemas para o exercício correto da desinfecção e esterilização, além de todos os procedimentos relativos ao controle de infecção. Entre eles estão a falta de treinamentos e capacitação sobre o assunto e a impossibilidade de exercer corretamente o serviço às dificuldades e problemas estruturais que as ACDs e ASGs enfrentam no exercício do controle de infecção. Foram apontadas algumas falhas que ocorreram no dia a dia das Unidades, o que coloca em risco principalmente as próprias funcionárias responsáveis por esse processo. Algumas sugestões são colocadas pelo trabalho como por exemplo: criar rotinas de trabalho e desenvolver uma política de qualificação para os trabalhadores.
Este estudo trata de uma pesquisa realizada com mulheres da área de abrangência da Unidade de Saúde da Família São Domingos, em Colombo/PR, que realizaram histerectomia em algum momento da vida, com objetivo de identificar os determinantes e a percepções das mesmas sobre o processo da cirurgia e como esse evento repercutiu em suas vidas. A metodologia utilizada foi a qualitativa descritiva. Os dados foram coletados com instrumento previamente estabelecido, e neste usou-se as ferramentas do PSF. Foram entrevistadas oito mulheres. A partir da análise dos discursos encontraram-se como características comuns a baixa escolaridade (menos de seis anos de estudo), a baixa renda (entre um e quatro salários mínimos), uma história de antecedentes obstétricos e mórbidos, bastante marcantes para as mulheres do estudo quanto ao processo da retirada do útero, devido aos sintomas sofridos. Elas perceberam a cirurgia como a melhor opção no momento, porém, não têm clareza do que exatamente ocorreu na cirurgia, apesar de relatarem ter sido orientadas. Os relatos quanto às orientações recebidas variaram quanto a ocorrências ou não, e segundo as falas foram superficiais e apresentaram dificuldades de entendimento. Sobre a vida após a perda do útero e também dos ovários, em alguns casos, foram citados os sentimentos da perda, o receio de problemas na vida sexual, porém todas relataram não apresentar alterações físicas após a cirurgia. Foi possível constatar, principalmente, a dificuldade de acesso a outros tratamentos e de acesso aos serviços de média e alta complexidade para cuidados, possibilitando tratamentos conservadores.