Assine AQUI a petição para cancelar a permissão para pulverização aérea de agrotóxicos nas cidades, aprovada pela Lei 13.301/2016
Na última segunda-feira (6), a União Europeia votou e rejeitou, em Bruxelas, a liberação do uso do herbicida glifosato. A licença de uso expira no dia 30 de junho e, apesar da maioria dos países votar a favor da prorrogação da liberação por 18 meses, era necessário que o número representasse 65% da população europeia, o que não ocorreu. O Reino Unido apoiou fortemente uma nova licença para o glifosato. Alemanha absteve-se, juntamente com a Suécia e Itália. A oposição ao novo licenciamento é foi feita pela França, que proibiu a substância). Essa foi a terceira tentativa fracassada de liberar o uso do herbicida apenas em 2016, e há a expectativa de que alguns países recorram da decisão. Se a renovação do uso continuar sem autorização, a partir do dia 30 de junho o produto será banido dos países-membros.
Agência da ONU alerta para riscos envolvendo uso do Glifosato
O Glifosato é o herbicida mais usado no mundo, e serve para matar plantas indesejadas nas lavouras, como ervas daninhas. A Monsanto é a maior produtora de glifosato do mundo, além de também produzir sementes transgênicas (como soja) resistentes à substância. A produção de variedades transgênicas de milho, algodão, canola e soja, resistentes ao Glifosato, aumentou em 45% a demanda pelo produto em 2012, segundo o relatório da Agência Internacional de Pesquisas do Câncer (Iarc, na sigla em inglês), da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado em 2015.
No Brasil, foram comercializadas, em 2013, 186 mil toneladas da substância. No Paraná, em 2015, o Glifosato e seus equivalentes representavam mais de 15% o total de agrotóxicos usados, segundo dados do Sistema de Monitoramento do Comércio e Uso de Agrotóxicos (Siagro), da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar).
A pesquisa realizada pela Iarc concluiu que o glifosato oferece potencial cancerígeno. De acordo com a Iarc, há “evidências limitadas de carcinogenicidade em humanos” e “suficiente evidência de carcinogenicidade em animais”. Em uma escala de cinco níveis de periculosidade, o Glifosato encontra-se na quarta posição mais arriscada (provavelmente carcinogênica). Outros três agrotóxicos liberados no Brasil também constavam na lista (malation, diazinon e parationa metílica), que somava cinco produtos. A IARC também relatou danos cromossômicos. Pesquisas realizadas pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) alertam para a correlação entre o uso do Glifosato e o aumento no surgimento dos casos de autismo. Além disso, o produto tem sido relacionado a casos de má formação fetal, comprometimento da fertilidade, entre outros.
Além do risco ocupacional, ou seja, para os agricultores e demais trabalhadores expostos, a Iarc destacou também como relevantes a exposição ambiental e alimentar. Em Mississippi e Iowa, nos Estados Unidos, foram detectados entre 60% e 100% de presença de Glifosato em amostras de ar e chuva. Testes realizados na Dinamarca apontavam para resíduos do produto em 50% das amostras de cereais testadas. Uma pesquisa realizada em 246 casas californianas constatou haver produtos contendo Glifosato em 14% delas.
Clique aqui para ler o estudo da IARC sobre o Glifosato (em inglês)
Pela primeira vez o Ibama reuniu os dados de auditorias em registros de comercialização dos agrotóxicos no Brasil, que são fornecidos pelos próprios fabricantes. Nos últimos anos foram encontradas 200 informações falsas. Leia a matéria de Pedro Durán na íntegra no site da CBN.
O volume dos produtos não identificados equivale a 10% de todos os agrotóxicos comercializados no país. Dos ingredientes revelados, pelo menos dez são banidos em países europeus, nos Estados Unidos e na Índia. Leia a matéria de Pedro Durán na íntegra no site da CBN.
A fiscalização frouxa, a legislação ultrapassada e a desoneração de impostos garantem que o país continue encabeçando o ranking em uma posição que traz sérios riscos à saúde da população. Leia a matéria de Pedro Durán na íntegra no site da CBN.